SAPIENS TRAVEL SLEEPS: Rosewood Amsterdam
- Erik Sadao 
- 24 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de ago.

Depois de um mês intenso com o lançamento do livro "Os Movimentos Artísticos que Moldaram Benelux", em São Paulo, retornei a Amsterdam para acompanhar nossa altíssima temporada de verão.
Pouco antes de embarcar para o Brasil, tive a oportunidade de me hospedar no aguardadíssimo Rosewood Amsterdam, um dos hotéis mais comentados da cidade nos últimos tempos. E, como prometido, compartilho a seguir um review completo da experiência: a arquitetura histórica à curadoria de arte, dos quartos à gastronomia, cada detalhe do hotel eleva o nível de opções hoteleiras da cidade.
A chegada e o check-in...
Após atravessar um portal cuidadosamente restaurado que nos leva direto ao esplendor do antigo Palácio de Justiça de Amsterdam, fica claro que o Rosewood Amsterdam cumpriu sua missão: traduzir o peso histórico do edifício em uma experiência leve, acolhedora e profundamente sofisticada. Em cada detalhem, há um pouco de história conectada ao presente a partir da arte impressionante coleção de arte contemporânea espalhada por todo o prédio.
O check-in é realizado em um lounge amplo, com vista para um dos pátios internos do hotel. Enquanto se aguarda as chaves, é possível explorar uma pequena biblioteca e apreciar uma das obras-relógio de Maarten Baas, um dos meus artistas contemporâneos favoritos. O hotel abriga duas peças da série em que membros da família do artista, no caso da recepção, seu avô, aparecem em vídeo desenhando, em tempo real, os ponteiros de um relógio.
Essa intervenção delicada e poética traduz bem o espírito do Rosewood Amsterdam: o tempo ganha outra cadência, e cada detalhe convida à contemplação. Uma experiência onde o passado e o presente se encontram com alma, precisão e beleza.
O Interior e a decoração...
Os pátios internos são um dos grandes diferenciais do Rosewood Amsterdam. A presença de áreas verdes amplas e silenciosas convida ao respiro, ao café sem pressa, ao almoço ao ar livre. São verdadeiros refúgios dentro do hotel, com ares de resort urbano.
Como em outros projetos da rede, a arte ocupa um papel central no Rosewood Amsterdam. Além das impactantes obras de Maarten Baas, o hotel abriga uma curadoria com mais de mil peças, valorizando desde mestres holandeses até nomes contemporâneos da cena internacional. O resultado é um diálogo sofisticado entre tradição e vanguarda, presente nos corredores, salões e até nas suítes, onde cada obra parece escolhida sob medida para o espaço.
Os quartos e suítes do Rosewood Amsterdam levam a assinatura do aclamado Studio Piet Boon, um dos nomes mais respeitados do design holandês contemporâneo.
No projeto, o Studio Piet Boon combinou a grandiosidade histórica do antigo palácio da Justiça com um olhar contemporâneo, valorizando o artesanato local em uma releitura refinada e moderna. Materiais nobres, paleta serena e uma estética minimalista - com muita alma! - criam uma atmosfera que equilibra o acolhimento do lar com itens sofisticados.
Os ambientes exalam calma, ordem e autenticidade, traduzindo de forma magistral o espírito de Amsterdã. Dormir em uma das suítes do Rosewood é como habitar um capítulo da cidade, reinterpretado com arte e propósito.
Durante minha estadia, tive o privilégio de me hospedar em uma das suítes com vista para o Prinsengracht, talvez a melhor de toda a cidade. Das janelas amplas, inclusive do banheiro, é possível contemplar uma vista panorâmica da Westerkerk, com sua torre icônica pontuando o horizonte. A luz muda ao longo do dia e transforma o quarto em um cenário quase cinematográfico: íntimo, silencioso e profundamente gezzelig (expressão holandesa sem tradução que se assemelha ao nosso aconchego)
O espaço é generoso e elegantemente resolvido, com uma paleta que remete às cores suaves dos mestres holandeses, tecidos naturais, iluminação delicada e móveis de design atemporal. Tudo convida ao bem-estar e à contemplação.
Os amenities refletem a filosofia do hotel: nada de plástico, tudo pensado com responsabilidade ambiental e excelência. Materiais biodegradáveis e soluções elegantes de baixo impacto ambiental fazem parte da experiência.

Parceria com NXT Museum...
Uma galeria criada especialmente para o hotel em parceria com o NXT Museum, referência em arte imersiva e tecnologia em Amsterdã. Dessa colaboração nasceu uma galeria dentro do hotel, dedicada a exposições temporárias abertas ao público. Durante minha hospedagem, a mostra em cartaz era do artista Casper Braat, cuja obra mescla crítica cultural com design provocador.
Um toque extra de originalidade: ao lado da galeria, uma máquina de venda automática oferece edições limitadas de peças dos artistas em destaque, uma forma inusitada e colecionável de levar um fragmento da experiência para casa.
E como se não bastasse, o Rosewood criou um tour guiado pela coleção de arte do hotel, oferecido como cortesia aos hóspedes. Os guias são treinados para contextualizar as obras e aprofundar a vivência estética do visitante. Tenho orgulho em dizer que sou um dos storytellers convidados e posso garantir: trata-se de uma experiência que transforma a estadia em uma verdadeira imersão cultural.
A COZINHA E O BAR...
A proposta gastronômica do hotel reflete a mesma sofisticação que se vê em sua arquitetura e curadoria artística: ingredientes sazonais, técnicas impecáveis e apresentações que beiram o cenográfico, mas sem excessos. Cada prato equilibra sabor e conceito com leveza.
No restaurante principal, o cardápio celebra a herança culinária europeia com toques contemporâneos, asiáticos e o frescor local. O serviço, como em todo o hotel, é irrepreensível: gentil, atento e discreto.
Mas é no bar do hotel que a atmosfera se torna ainda mais especial. Instalado em um dos antigos salões do tribunal, o ambiente mescla madeira escura, iluminação baixa e sofás generosos em tons profundos. As paredes são adornadas com imagens de Anton Corbijn, o lendário fotógrafo e cineasta holandês (um dos meus favoritos! )conhecido por seus retratos icônicos de músicos como Nick Cave, Kate Bush, Joy Division, U2 e, principalmente, Depeche Mode. A presença de suas obras empresta ao bar um ar de introspecção sofisticada, com um sutil espírito rock’n’roll.
A carta de coquetéis é criativa e bem executada, mas um destaque imperdível é o gin artesanal produzido no próprio hotel, em um pequeno alambique instalado em um dos salões. Além de delicioso, ele carrega um toque narrativo: cada lote homenageia um capítulo da história do prédio ou da cidade. Servido puro ou em drinks autorais, o gin se tornou, para muitos, um símbolo da alma do hotel: artesanal, elegante, inesperado.
O Rosewood Amsterdam não é apenas um novo hotel de alto padrão. Trata-se de um lugar onde tudo, da arte aos sabores, foi pensado para emocionar. Uma hospitalidade consciente e generosa, onde cada detalhe transmite propósito e beleza.

































