A família Plantin & Moretus foi um dos nomes mais importantes no mundo editorial de Antuérpia do século 16 ao 18, pelo menos quando não usavam pseudônimos. Mas quem eram eles, e o que havia de revolucionário neles? Esperamos responder a essas perguntas aqui:
quem foi christophe plantin?
Christophe Plantin foi um intelectual, empresário e humanista. Nascido em Saint-Avertin, França, por volta de 1520, ele aprendeu encadernação e impressão na Normandia, com Robert II Macé. Foi também na Normandia que Plantin conheceu sua esposa, Jeanne Rivière, com quem se casou em 1545.
Em 1550, Plantin e Rivière mudaram-se para Antuérpia, e com a experiência que Plantin adquiriu, ele abriu sua editora, ao lado de seus parceiros calvinistas. Naquela época, Antuérpia fazia parte dos Países Baixos do Sul, onde diversas ideologias desafiavam o status quo da época, representado pela Igreja Católica Romana. Essas ideologias influenciaram a maneira como Plantin administrava seus negócios e sua família, transformando a empresa familiar em uma dinastia revolucionária, ainda reconhecida nos dias de hoje.
a família plantin
Christophe Plantin e Jeanne Rivière tiveram cinco filhas: Margaretha, Martine, Catharina, Magdalena e Henrica. No século 16, esperava-se amplamente que as mulheres assumissem papéis domésticos e fossem donas de casa, sem acesso a uma educação completa. No entanto, essa não era necessariamente a norma nos Países Baixos, e certamente não foi o caso na família Plantin. Desde cedo, Plantin ensinou suas filhas a ler e escrever em vários idiomas, para que pudessem revisar e editar os textos que ele eventualmente publicaria. Além disso, ele garantiu que suas filhas fossem talentosas costureiras, não para atrair um marido, mas para que pudessem fazer e vender roupas caso precisassem. Plantin acreditava em desenvolver ao máximo as habilidades de suas filhas e, em seguida, observar como elas se desenvolviam para ver qual tipo de trabalho melhor lhes convinha.
O QUE ELE PUBLICOU
Plantin publicou 1.887 obras importantes durante seus 34 anos de carreira, com uma média de cerca de 55 publicações por ano. Entre suas obras publicadas, estavam dicionários, textos religiosos, textos científicos, textos políticos e muito mais.
O que se destacava nos dicionários de Plantin não era apenas a definição de palavras, mas o fato de que seus dicionários foram criados para auxiliar na aprendizagem de outros idiomas, como a tradução do latim para o árabe. Publicar esses dicionários ajudou a impulsionar a globalização e a disseminar o conhecimento das pessoas para as pessoas, em vez de depender exclusivamente da Igreja como fonte de informação.
Dito isso, a publicação mais famosa de Plantin foi a **Biblia Polyglotta**, também conhecida como a Bíblia Poliglota. Esta bíblia, composta por oito volumes, foi impressa em cinco idiomas: latim, grego, hebraico, caldeu e siríaco antigo. Essa publicação épica foi financiada por Filipe II, (o mais católico) rei da Espanha, que também era o opressor dos Países Baixos do Sul na época. A grandiosa obra rendeu a Plantin o título honorário de Impressor-Mor do Rei da Espanha. Enquanto isso, Plantin fingia ser católico e, ao mesmo tempo, publicava textos anti-espanhóis, chegando a se tornar o impressor oficial dos Estados Gerais, a instituição que liderou a revolta contra a dominação espanhola.
Além de atuar secretamente e publicar textos tanto a favor quanto contra a Espanha, Plantin adotou uma estratégia semelhante com os textos religiosos que publicava. Quase como um agente duplo, Plantin produzia panfletos financiados pela Igreja Católica e a favor dela, enquanto também imprimia panfletos calvinistas. Para proteger sua identidade enquanto publicava para ambos os lados, ele usava pseudônimos para assinar os textos anti-espanhóis e calvinistas.
Plantin-Moretus
Plantin trabalhou em estreita colaboração com seu genro, Jan I Moretus. Moretus começou a trabalhar com Plantin aos 15 anos e, mais tarde, casou-se com Martine, a segunda filha mais velha de Plantin. Embora tenha começado como assistente de livraria, ao longo dos anos e de longas horas de trabalho ao lado de Plantin, Moretus tornou-se seu braço direito e grande amigo. Em 1589, com a morte de Plantin, ele deixou sua empresa para Moretus. Embora tenha havido algum desentendimento entre Moretus e outros genros de Plantin por causa dessa decisão, Moretus teve uma longa carreira, publicando cerca de 640 edições e protegendo o legado que Plantin lhe deixou. Moretus faleceu em 1610, e a empresa permaneceu na família até 1876, quando foi vendida para a cidade de Antuérpia. Apenas um ano depois, em 1877, a editora foi reaberta como um museu para o público, e em 2005, esse museu foi o primeiro a receber o status de Patrimônio Mundial da UNESCO. Um legado verdadeiramente revolucionário.
A VISITA AO PLATIN-MORETUS MUSEUM DA SAPIENS TRAVEL
Nossa visita foi planejada para oferecer um mergulho no tempo. Séculos antes dos Murdoch, houve um império de mídia no Norte da Europa essencial para entender os acontecimentos mais marcantes da pre-modernidade.
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